Ao longo desta semana de fevereiro, em que se assinala o Dia dos Namorados irão decorrer sessões de sensibilização/prevenção a que intitulámos “Quando o (N)amor(o) é Imperfeito”. Vamos refletir com as turmas dos oitavos e nonos anos sobre a questão da violência e do desrespeito nas relações afetivas. A violência no namoro não é um fenómeno raro e assume diversas formas, mas todas com o mesmo propósito: magoar, humilhar, controlar e assustar.
De acordo
com a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), “a violência no namoro
pode ser definida como um ato de violência, pontual ou contínua, cometida por
um dos namorados (ou ambos), com o objetivo de controlar, dominar e ter mais
poder do que a outra pessoa envolvida na relação.”
“Se alguém
te agride, se alguém te humilha, se alguém te controla, se alguém te isola dos
amigos, isso não é amor, é violência”. Campanha do IPDJ 2016
Insultar,
agredir, proibir, ameaçar e perseguir são comportamentos violentos que para
muitos jovens são tolerados, legitimados e até entendidos como demonstrações
normais de amor e carinho. Para a justiça são crimes que devem ser denunciados.
Convidámos a
APAV, a Associação Corações com Coroa e a Escola Segura para nos ajudarem nesta
tarefa. A todos agradecemos.
Para nós, pais e educadores, surpreende-nos e
preocupa-nos a banalização dos atos de violência entre jovens e concretamente a
violência no namoro. Como é possível que rapazes e raparigas, se submetam e
aceitem relações humilhantes com chantagens, abusos e agressões físicas e
psicológicas?
Como é possível que aceitem e compactuem com
comportamentos violentos? Que aceitem e não reconheçam como abuso, o controle
das mensagens do telemóvel/facebook, as cenas obsessivas de ciúme, o
impedimento de contatar com amigos, o desrespeito pelas opiniões e decisões e
legitimem mesmo a violência psicológica, mantendo-se em relações pouco dignas.
Pareceu-nos pertinente
para além de sermos arrastados numa onda comercial dos presentinhos para “os
mais que tudo”, refletir sobre o que é e o que não é amor, o que nos move
quando iniciamos uma relação afetiva, os primeiros sinais de abusos e sinais de
violência no namoro, as suas diferentes formas, os sentimentos da vítima e
muito importante, o que fazer em caso de violência, terminar uma relação
violenta, onde procurar ajuda e aprender a denunciar situações.
Em 2016, a Universidade do Minho inquiriu cinco
mil jovens e concluiu que uma em cada quatro relações de namoro era marcada
pela violência, 18% confessaram que foram vítimas de comportamentos físicos
agressivos, quase 7% sofreram murros, sovas ou pontapés.
“E se estes comportamentos se perpetuarem no
futuro? Existe uma forte probabilidade dos agressores continuarem a
agredir quando são adultos e de as vítimas nunca se libertarem do papel de
vítimas, mantendo assim uma cultura de violência entre homens e
mulheres que sabemos todos como termina.” Maria João Pratt
Por isso é tão importante
fazer prevenção nas escolas, ensinar às crianças noções básicas de respeito,
igualdade.
Deixamos aqui alguns exemplos:
VIOLÊNCIA FÍSICA
Por exemplo, quando o(a)
namorado(a):
* empurra;
* agarra ou prende;
* atira objetos ao outro;
* dá bofetadas, pontapés e/ou murros;
* ameaça usar a força física ou a agressão.
VIOLÊNCIA SEXUAL
Por exemplo, quando o(a)
namorado(a):
* obriga o outro a praticar atos sexuais, mesmo
quando aquele diz «não»;
* acaricia o outro (ou força carícias), sem que
aquele queira.
Violência verbal
Por exemplo, quando o(a)
namorada(o):
* chama nomes ao outro e/ou grita;
* humilha o outro, através de críticas e
comentários negativos;
* intimida e ameaça o outro.
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA
Por exemplo, quando o(a)
namorado(a):
* parte ou estraga objetos ou roupa do outro;
* controla a maneira de vestir do outro;
* controla o que o outro faz nos tempos livres e ao
longo do dia;
* telefona constantemente ou envia mensagens;
* ameaça terminar a relação como estratégia de
manipulação.
VIOLÊNCIA SOCIAL
Por exemplo, quando o(a)
namorado(a):
* humilha, envergonha ou tenta denegrir a imagem do
outro em
público, especialmente junto de familiares e amigos;
* mexe, sem consentimento, no telemóvel, nas contas
de correio eletrónico ou na conta de Facebook do outro;
* proíbe o outro de conviver com os amigos e/ou com
a família.
Sem comentários:
Enviar um comentário