Em 1949, após o fim da 2ª guerra mundial, várias crianças austríacas foram entregues a famílias de acolhimento portuguesas. Para trás deixaram as suas próprias famílias, um país destruído pela guerra, a fome e a dor. Vêm em busca de um mundo melhor, mais tranquilo. Pela frente, aguarda-as a adaptação a um outro país, uma cultura diferente, uma língua nova até poderem regressar ao seu país.
Após entrevistar algumas destas crianças, estas experiências marcantes na infância foram reescritas numa narrativa ficcional por Rosário Alçada Araújo. Partilhamos um excerto para adoçar a vossa curiosidade.
“Eu nunca na vida tinha visto laranjas. E que cor pode ter uma laranja! Brilhavam tanto que eu pensei estarem prontas a ser comidas. Peguei nela e dei-lhe uma trinca, com casca e tudo. Os meus pais começaram a rir-se e a minha mãe apressou-se a tirá-la da minha boca. Ao princípio fiquei aflita, quase comecei a chorar. Mas o olhar divertido do meu pai fez.me sentir mais leve. A minha mãe chamou a criada, que me ensinou a descascar a laranja com garfo e faca. Quando levei o primeiro gomo à boca, não queria acreditar que se pudesse comer e beber um sabor tão delicioso. “Fiz bem em escolher Portugal” pensei.” Não sei como são os outros, mas neste país há laranjas”
No âmbito do Concurso Nacional de Leitura, os alunos do 3º ciclo leram este livro para concorrerem à fase municipal. Porque ler sempre e em qualquer lugar passa por estes cenários virtuais, consulta esta crónica do jornal Diário de Notícias ou a rúbrica “Deus me livro” deste blogue de livros, música e cinema.
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